Exposta -
Narrado por Clara – em primeira pessoa
A brisa naquela manhã era suave, e o cheiro de pão fresco da padaria da Marina me guiava pelas ruas estreitas como uma promessa de aconchego. Eu já começava a decorar os rostos locais, a maneira como as senhoras cumprimentavam com um leve "Bom dia", e até o passo acelerado das crianças correndo para a escola com os pés cheios de areia.
Não sentia falta das notificações.
Ou pelo menos era isso que eu queria acreditar.
Depois de alguns dias de silêncio digital, minha mente começava a desacelerar. Rafael e eu tínhamos compartilhado momentos tranquilos — ele me ensinando a fotografar com luz natural, eu falando (com menos defensiva) sobre o peso de manter uma imagem pública perfeita.
Até que tudo desabou.
Estávamos tomando café em uma mesinha na varanda do café da Marina, quando notei um homem, claramente turista, nos observando de longe. Ele segurava o celular na vertical, e ao perceber que o encarei, abaixou o aparelho disfarçadamente.
Ra