O mundo de Amanda para no momento em que ela descobre que uma noitada que termina na cama de um estranho, mal se lembrando do ocorrido e apenas a sensação de estar dolorida entre as penas como lembrança, termina com ela grávida e tendo que conviver com o genitor que faz seu sangue cheio de hormônios ferver. Ele acha que ela quer dar o golpe da barriga, ela só quer que a filha cresça com um pai. Ele cuida dela alegando só querer o bem da criança em seu ventre, ela sabe que ele quer mais.
Ler maisSe eu soubesse que uma simples decisão inconsequente me colocaria nesta situação, jamais teria a tomado.
Meus olhos ardem e não preciso encarar meu reflexo no pequeno espelho em cima do lavatório para saber que estão vermelhos. Solto a respiração e tento relaxar, o que por sua vez não é nada fácil dado a minha atuação situação.— Vamos lá Amanda! — Incentivo a mim mesma. — E só mijar no maldito copo!Finalmente, depois de vinte minutos sentada na privada, consigo encher o copinho e molhar meus dedos no processo. Enrugando o nariz, apoio o copinho no lavatório e lavo as mãos, sem conseguir parar de encarar o líquido de cor amarelo-claro.Olá Deus, sou eu de novo! — Suplico em pensamentos.Pego o pequeno pacote metalizado e tiro de dentro a pequena fitinha e jogo-a dentro do copinho.Que se foda!Saio do banheiro sem esperar pelo resultado.A verdade é que, estou muito apavorada para isso, e sou uma covarde.Vou até a bancada da cozinha, pego meu celular e disco o número de Kaitlyn, no segundo toque ela atende.— Me fala que você tem boas notícias?! — Ouço sua voz do outro lado da linha.Seguro um soluço.— Eu não sei, Kat — fungo —, simplesmente não consigo olhar.Ouço minha amiga suspirar e xingar baixinho.— Olha Mandi, seja qual for o resultado, eu sempre estarei aqui para você — tenta me tranquilizar. — Se for negativo, em dez minutos chego na sua casa com uma garrafa de vinho, daquelas baratinhas que vendem aí perto, e dois pacotes daqueles salgadinhos com cheiro de chulé que você adora — posso imaginar Kaitlyn fazendo careta, o que me tira um sorriso dos lábios apesar de tudo. — Se for positivo, teremos que trocar o vinho por suco de uva e nos passaremos os próximos trinta minutos olhando a lista telefônica até achar o número pessoal daquele filho da put...— Pode ser, Kat! — Interrompi. — Vou mudar a ligação para chamada de vídeo, assim você vê e me dá as notícias.— Se isso te traz mais coragem... Pode ser!Com as mãos trêmulas, mudo a chamada. Uma Kaitlyn com expressão de preocupação preenche a tela do meu smartphone. Em contraste, está minha imagem na telinha pequena abaixo da sua, me sinto tão acabada quanto me pareço.Kat sorri para mim, algo que acho que deveria ser um sorriso para me passar tranquilidade, mas só consigo enxergar as entrelinhas que dizem:"Em que merda você foi se meter, em?"— Vamos lá, Mandi — incentiva.Tiro da câmera frontal e faço o caminho de volta até meu pequeno banheiro. Antes de entrar, aponto a câmera na direção em que lembro ter deixado o teste de gravidez e fecho os olhos. Dou os últimos passos para dentro do cômodo assim.Kaitlyn resmunga.— Chega um pouquinho mais perto — aproximo o celular no mesmo instante —, não consigo enxergar di... SANGUE DE JESUS TEM PODER!— O QUE? — Abro os olhos no mesmo momento em que ela fala:— Positivo!Encaro os dois tracinhos vermelhos na fitinha parcialmente afundada em urina. E, dessa forma, eu percebo que nunca mais a minha vida será a mesma. De repente sinto minhas pernas ficarem fracas e sou obrigada a me apoiar na parede de azulejos frios e me sentar no chão feito dos mesmos.Só consigo pensar em como eu deixei isso acontecer. Sempre me cuidei, sempre me previni. Tomava pílula pontualmente quando namorava, depois disso, deixei a pílula, mas nunca fiquei com outros caras sem camisinhas. Anos de sermões que a minha mãe havia me dado passaram pela minha cabeça. Mas a real é que eu sabia o que tinha acontecido, agora era tudo muito claro para mim.O genitor, eu já sabia quem era, fiquei apenas com ele depois de seis longos meses na seca, somente uma vez.Quase ri com a minha desgraça.Uma foda de três semanas atrás, da qual eu mal me lembrava, havia me colocado nessa situação.Eu tinha minha parcela de culpa, mas ele tinha muito mais. Afinal, que homem ficava com uma mulher bêbada e parcialmente alegre demais?A verdade é que eu estava tão frustada com a minha vida profissional e amoroso que encher a cara e ficar com um desconhecido parecia ser uma boa ideia quando cheguei naquela boate. Mas na verdade eu não esperava que isso passasse de alguns poucos beijos, mas o álcool acabou me levando a ultrapassar meus próprios limites rígidos.— AMANDA? — Kat grita meu nome, ainda na ligação.Só então percebo que havia a deixado falando sozinha, e com certeza ela estava ao ponto de surtar pela falta de uma resposta.Pego meu celular que nem lembrava ter deixado no chão ao meu lado e troco para a câmera frontal. Só percebi que chorava, quando vi as lágrimas que molhavam meu rosto.— Poxa Mandi, você quase me matou do coração! Fiquei sem saber se ligava para a emergência ou se deveria ir aí.— A segunda alternativa, por favor.— Chego aí em dez minutos — avisa. — Vou desligar. Fica calma e não faça nenhuma burrada!— Até parece que você não me conhece! — Amenizo minha fala, para mostrá-la que estou bem, apesar de não estar. — E, Kat?— Hm?— Suco de uva não. Sorvete é melhor — aviso, sentindo meu estômago embrulhar só de lembrar do suco pronto que vende aqui perto do prédio do meu apartamento.— Sorvete e salgadinhos de queijo? — pergunta incrédula.Fungo o nariz.— Sim.Kaitlyn ri e resmunga algo baixinho.— Tudo bem.Desliga a ligação, me deixando com meus pensamentos e com a ameaça de um futuro que para mim, agora, era uma grande incógnita.O pior era saber, que mesmo odiando toda essa situação, algo agora era diferente. Eu não havia pedido por isso, não estava esperando, mas faria o meu melhor para que desse certo.Afinal, eu estava grávida, com apenas vinte quatro anos. E, ainda por cima, de um homem cujo a foda não me lembrava, mas havia ficado dolorida por alguns dias, o que, eu poderia colocar a culpa nos hormônios, mas queria experimentar de novo.De preferência, consciente de meus atos dessa vez.De 4,7 estrelas, a boate tinha só o bairro onde foi construída. Não foi preciso nem encarar o exterior do edifício por muito tempo para decidir que somente Kat tinha esse dom para descobrir lugares badalados e minimamente frequentáveis.— O senhor conhece o Strike's? — Perguntei ao motorista que me olhou como se tivesse crescido chifres na minha testa.— A casa de boliche? — Perguntou, mas eu podia sentir o julgamento em sua voz.Eu definitivamente não estava vestida para uma partida de boliche.— Essa mesmo.→★←Grande parte das lembranças felizes de minha adolescência eu adquiri no Strike's, e apesar da mulher brigando com o marido por ter me olhado por mais de meio segundo, as batatas fritas muchas em minha mesa ou os dois adolescentes em um amasso nojentamente molhado atrás de mim, eu ainda me sinto como se pertencesse a este local.
Cassandra sorriu e, se eu já não a odiasse, poderia muito bem dizer que aquele era o típico sorriso de uma caçadora. Aquele que faria muitos homens perderem a cabeça, ou a fortuna. — E eu sou a... — Amanda! — John me interrompeu, mais uma vez. Essa situação já estava me deixando estressada. — Você já disse isso! — Rebateu a loira. John praguejou uma série de xingamentos. — É John Carter, você já falou a porra do meu nome! Então se você não quer me deixar contar, por favor, faça as honras! Passando as mãos pelo rosto e por seus cabelos, John suspirou. E, eu tinha certeza que ele buscava alguma maneira de sair de toda essa situação. Eu estava mais do que brava. Uma parte de mim — aquela que eu tentava abafar a todo custo, mas sem sucesso —, estava decepcionada. Se John mantinha um relacionamento com aquela mulher, a amante ali era eu. Seria difícil sair por cima numa situação dessas, ainda mais estando grávida do homem infiel. — Primeiro — John começou quando a loira coçou a
Com a bexiga do tamanho de uma castanha, ter uma longa noite de sono tem se mostrado uma missão impossível a cada dia que passa. E, como se a insônia devido às várias idas ao banheiro não fosse o bastando, sinto estar a beira da loucura com o desejo de comer morangos com mostarda.Por vários minutos tentei mudar meu foco. Não pensar nesse desejo era como só pensar nele. Então, me dando por vencida, afasto os cobertores e sinto o ar gelado da noite me abraçar, arrepiando todos os pelos das partes expostas do meu corpo.Nesse momento, amaldiçoei a mim mesma por ter escolhido um baby-doll curto como pijama.Ignorando todos os instintos que me faziam querer me enroscar nas cobertas, crio forças para ir até a cozinha. Por mais que o chão de marmore não fizesse barulho abaixo de meus pés descalços, me vi andndo nas pontas dos pés, disposta a passar despercebida.Na cozinha escura, jurei ter escutado uma porta se abrindo e fechando em alguma parte do apartamento, mas constatando ser apesnas
— Amanda Ferrer? Você é a próxima.O primeiro ultrassom deveria ser um momento feliz, afinal, eu estava prestes a escutar o coraçãozinho do meu bebê pela primeira vez. Por mais que diga a mim mesma que o incômodo instalado dentro de mim é unicamente por causa do nervosismo, sei que parte desse incômodo é o sentimento de culpa me consumindo. John era uma babaca, mas ainda assim, também era pai do meu bebê. Por orgulho eu não falei para ele que estava prestes a fazer o primeiro ultrassom, mas a cada minuto que passava na sala de espera do consultório, eu me sentia mal com essa decisão.— Mandi? É a sua vez! — Minha amiga me cutuca, me tirando de meus pensamentos.Como sempre, Kaitlyn é minha fiel escudeira, e não poderia deixar de estar presente em um dos momentos mais marcantes da minha vida.Dando um sorriso amarelo para minha amiga, me levanto da poltrona da sala de espera e caminho para o consultório, com Kaitlyn no meu encalço.É tudo tão novo e marcante para mim que nos primeiros
Aqui estou eu, no hall de entrada do apartemento de John, agarrada a minha bolsa, enquanto pessoas que nem mesmo conheço carregam e organizam minhas coisas em algum quarto luxuoso do apartamento. E, nem posso acreditar que aceitei essa loucura.A verdade é que essa foi uma batalha a qual eu perdir amargamente. Kat, minha melhor amiga traidora, concordou com John, enquanto estavamos em uma briga na porta do meu apartamento, que seria melhor assim. Que, John poderia me dar toda a "assistência" necessária nessa fase da minha vida, mas sei de qual "assistência" Kat estava falando quando deu um sorrisinho pra mim ao dizer suas palavras. — John por sua vez parece um paranoico e louco por controle. Não sei se a ficha não caiu ainda ou se esse é seu jeito dele absorver a noticia, mas ele parece considerar o nosso bebê como uma posse, e como ele não nasceu ainda, eu tenho tomado esse lugar, em sua visão distorcida.— John! — Kat grita atrás de mim, chamando a minha atenção e a de John que esta
— Boa tarde, Senhora Ferrer! — John cumprimenta ao entrar em seu escritório.Me levando e aceito o seu aperto de mão. Sua mão é grande e áspera em contato com a pele macia da minha.Não sei se foi nervosismo por toda essa situação ou o fato de John parecer não me conhecer que havia me deixado momentaneamente sem palavras. Sinto que ele observa meu rosto, mas eu sequer consigo encarar seus olhos. Quando ele se afasta, cansado de esperar por uma resposta, e se acomoda em sua mesa, enfim solto o ar que nem ao menos sabia estar prendendo. Concentre-se Amanda!— Sente-se, por favor.Volto a me acomodar no sofá, agradecendo pela estabilidade do mesmo, e não confiando tanto assim em minhas penas bambas.Quando ergo o olhar e olho John nos olhos, vejo algo diferente neles. Ele ainda não me reconheceu, mas aquele brilho em seu olhar eu conhecia muito bem.Senti as maçãs do rosto ficarem quentes.— Quando fui informado está manhã que após o almoço teria uma reunião com uma tal de Senhora Ferr
Último capítulo