Natalie Dawson é uma cirurgiã dedicada que acredita firmemente na ética de sua profissão, jurando salvar todas as vidas, independentemente de quem sejam. Mas quando um homem gravemente ferido, sem identidade, é trazido ao hospital onde ela trabalha, ela se vê forçada a operar alguém em estado crítico sem saber quem realmente é. Ele é Alejandro Rojas, mais conhecido no submundo do crime como "El Lobo", um homem implacável e perigoso que carrega o peso de um passado sombrio e violento. Enquanto Natalie luta para salvar sua vida, ela começa a perceber que está lidando com algo mais do que apenas uma vítima de um confronto — Alejandro é um homem com segredos, e a conexão entre eles é inevitável. Ele sabe que a médica foi a única razão de sua sobrevivência, e isso cria uma dívida que o leva a procurar por ela. À medida que as linhas entre dever e desejo começam a se borrar, Natalie se vê dividida entre seu compromisso com a moralidade e a atração que sente por ele. Alejandro, por outro lado, não é um homem fácil de ler, mas sabe que, de alguma forma, sua sobrevivência está ligada a ela. Juntos, terão que enfrentar não apenas os fantasmas do passado de Alejandro, mas também os riscos de uma conexão que pode ser fatal para ambos.
Ler maisAlejandro permaneceu parado no carro, os dedos apertando o volante como se aquilo fosse a única coisa capaz de impedir que ele voltasse atrás e invadisse a casa dela. O som da porta se fechando ainda ecoava em sua mente, mas o que realmente o atormentava era a forma como Natalie o olhava. Ela não fazia ideia. Não tinha noção do que despertava nele. Ele a observou pela janela, os passos dela apressados até a porta da casa. Cada curva do corpo, cada movimento delicado… tudo nela era um convite. Um inferno. E ele estava queimando, afogado no próprio controle. Quando a porta se fechou atrás dela, Alejandro soltou o ar com força, como se tivesse prendido a respiração o tempo inteiro. — Carajo… — murmurou, encostando a cabeça no banco. O cheiro dela ainda impregnava o carro. O jeito que ela o desafiava, mesmo tremendo. A boca entreaberta, os olhos assustados e famintos ao mesmo tempo… Aquilo o enlouquecia. Natalie era diferente. E isso era um problema. Ela o fazia querer mais
Natalie mal teve tempo de pensar. A mão firme de Alejandro envolvia a dela com uma segurança que a desestabilizava. Ele a guiou para fora do bar com passos longos, determinados, como se cada centímetro ao redor pertencesse a ele — e talvez pertencesse mesmo. Clara agarrou o braço de Natalie com força, os olhos arregalados como se tivesse visto um fantasma. — É ele… — murmurou, com a voz falha. — Meu Deus, Natalie. É o Alejandro Rojas. El Lobo… Natalie franziu o cenho. — El quê? Clara balançou a cabeça, visivelmente nervosa. — El Lobo. Ele é uma lenda. Um fantasma nas ruas… um homem que manda e desmanda onde ninguém mais consegue. Se ele quiser, faz alguém desaparecer com um estalar de dedos. Alejandro se aproximou sem pressa, mas o ar em volta dele parecia pesar toneladas. Os olhos escuros estavam fixos em Natalie como se ela fosse dele por direito — e ela soubesse disso, mesmo sem aceitar. — Vocês duas. No carro. Agora — disse ele, a voz baixa, mas com a força de um trovã
O bar escolhido por Clara era charmoso, com luzes amareladas pendendo do teto, mesas de madeira rústica e uma playlist de jazz moderno que deixava o ambiente acolhedor. Era movimentado, mas não lotado — perfeito para conversas sem gritos e risadas sinceras. Natalie chegou primeiro. Usava jeans escuro, uma blusa preta justa e um casaco leve por cima. O cabelo solto, diferente da habitual praticidade presa no coque, dava a ela um ar mais suave. Quando Clara apareceu, dez minutos depois, assobiou ao vê-la. — Olha só quem tá deslumbrante! Se eu não te conhecesse, juraria que é uma modelo disfarçada de médica. — Clara... — Natalie revirou os olhos, rindo. — O quê? Tô falando sério! Agora vamos brindar a essa raridade: uma noite sem plantão! As duas se sentaram perto da janela. Clara pediu uma taça de vinho, enquanto Natalie optou por um drink mais forte, precisando de algo que a ajudasse a desacelerar os pensamentos — especialmente os que insistiam em trazer Alejandro à tona. —
Natalie olhou para o relógio na parede da cozinha. O tempo passava rápido demais. Ela engoliu o café apressadamente, ajeitou a bolsa no ombro e saiu de casa, o coração apertado, mas a mente determinada a focar no trabalho. O carro estava parado na garagem, silencioso e confiável — um contraste com a noite passada. Ela respirou fundo, ligou o motor e saiu pelas ruas da cidade, tentando afastar os pensamentos que insistiam em voltar para Alejandro. No caminho, Natalie tentava se convencer de que o dia seria normal, que poderia retomar o controle de sua vida, pelo menos por algumas horas. Mas no fundo, sabia que aquele equilíbrio era frágil — e que, cedo ou tarde, a presença dele voltaria a perturbá-la. Natalie estacionou o carro em frente ao hospital, o coração ainda acelerado, mas a expressão determinada. Ajustou o jaleco no espelho retrovisor, respirou fundo e saiu do carro, tentando deixar para trás o turbilhão de emoções da noite anterior. No corredor iluminado do hospital,
O ronco do motor desapareceu aos poucos, engolido pela noite silenciosa. Alejandro permaneceu parado na beira da estrada, observando as luzes traseiras do carro até que sumissem por completo. Ele ficou ali por longos minutos, imóvel, como se ainda pudesse sentir a presença dela no ar. O desejo de tê-la por mais tempo naquela estrada, naquele silêncio compartilhado, ainda pulsava forte. Ele passou a mão pelos cabelos, os dedos deslizando pela nuca, tentando conter a tensão que crescia sob a pele. Natalie era um problema. Um problema que ele mesmo havia criado. Mas também era inevitável. Ela o desafiava de um jeito que ninguém mais ousava. Ela o fazia pensar, querer, sentir — coisas que há muito ele enterrara debaixo da frieza que construiu com tanto esforço. — Merda — murmurou para si mesmo. Ele voltou lentamente até o carro preto parado à sombra das árvores. Entrou, bateu a porta com força contida, e ficou ali por alguns instantes, encarando o próprio reflexo no espelho re
O homem observou Alejandro por um instante — seus olhos escureceram como se uma sombra antiga tivesse voltado à tona. Bastou um segundo. Um único segundo de reconhecimento para que a tensão mudasse de forma. — Retirem-se — ordenou, sem sequer olhar para os outros homens. Sua voz cortou o ar como uma lâmina afiada. Os capangas hesitaram por um breve instante, confusos. Um deles até começou a falar, mas o homem lançou-lhe um olhar tão cortante que nenhuma palavra ousou sair. Em silêncio, recuaram, abrindo espaço como se estivessem diante de um predador prestes a atacar. O ar ficou mais denso, pesado de respeito e temor. — Alejandro... — disse o homem, com um leve aceno de cabeça. — Eu não fazia ideia de que era você. Alejandro manteve-se impassível. Seu corpo parecia relaxado, mas os olhos permaneciam atentos, afiados. — Agora sabe. O homem sorriu, tenso. Havia algo de quase reverente naquele gesto. — Se eu soubesse... teria evitado o constrangimento. — Ainda pode — respondeu Al
Natalie mal conseguiu se abaixar atrás do tronco grosso quando os três carros passaram pela estrada. Os faróis cortavam a escuridão, iluminando o mato denso, enquanto o som grave dos motores ecoava na noite silenciosa. O coração dela disparava, mas ao seu lado, Alejandro permanecia imóvel, impassível, como se o perigo fosse algo corriqueiro — como se não fosse nada. Ele não a olhou, não disse uma palavra. Seus olhos continuaram fixos nos veículos que desapareceram na curva sinuosa, como se já soubesse que aquele seria apenas o começo. Natalie sentiu o aperto firme da mão dele ao ser puxada para se levantar. Mas naquele gesto não havia proteção — apenas um aviso silencioso: aquilo não era sobre ela. — Vamos — ordenou ele, a voz cortante, distante. Ela o seguiu, tensa, confusa, tropeçando entre galhos enquanto ele avançava com precisão, como se conhecesse cada pedra, cada sombra. Alejandro caminhava com a tranquilidade de quem já enfrentou a morte e aprendeu a ignorar o medo. Natali
No dia seguinte, Natalie despertou com o céu já tingido de tons dourados. Os lençóis estavam embolados ao redor de seu corpo, e o bilhete de Alejandro ainda repousava sobre a cômoda, como um lembrete silencioso de que o perigo — e o desejo — ainda a cercavam. Ela havia ganhado um dia de folga no trabalho — um presente inesperado, mas bem-vindo. Não queria passá-lo trancada dentro de casa, rodeada por lembranças e incertezas. Precisava respirar. Precisava se afastar, nem que fosse por algumas horas. Vestiu-se com uma camisa leve, calça jeans e botas confortáveis. Pegou sua mochila, colocou uma garrafa d’água, o celular, e as chaves do carro. Já sabia para onde queria ir — um vilarejo costeiro a duas horas dali, conhecido por suas falésias e trilhas escondidas. O motor do carro roncou suavemente ao ligar. Enquanto dirigia, a paisagem da Colômbia se descortinava diante dela: montanhas cobertas por vegetação densa, vilarejos com casas pintadas em cores vibrantes, e o mar, lá ao long
A casa estava mais quieta do que nunca, e, de alguma forma, isso a incomodava ainda mais. O bilhete queimava em suas mãos, um lembrete físico do que ela estava tentando evitar. Mas, por mais que tentasse, não podia negar a sensação de que Alejandro estava mais presente do que nunca. Ele estava por perto, no ar, naquelas palavras que pareciam ecoar em sua mente. Com o bilhete ainda nas mãos, Natalie se levantou e caminhou até a janela, a luz da lua banhando seu rosto. A rua estava deserta, sem movimento, mas, lá no fundo, ela sentia que ele estava observando-a, como se estivesse sempre um passo à frente, antecipando seus pensamentos. Como se soubesse, de alguma forma, que ela não conseguia deixá-lo ir. Ela suspirou e guardou o bilhete na gaveta da mesa de café, decidida a afastar-se daquele sentimento. Tentaria, de qualquer forma, retomar o controle da sua vida. A última coisa que ela queria era ser dominada por ele, seja fisicamente ou emocionalmente. Mas a ideia de estar fugind