Jordani dedicou sua vida ao primeiro amor, Paulo César, acreditando que ele seria seu eterno companheiro. Ele fez promessas, moveu montanhas por ela e jurou que nada os separaria. Até o dia em que a traição a esmagou. Paulo César, o homem que ela acreditava ser a sua alma gêmea, trocou-a por uma funcionária do seu próprio trabalho, deixando-a com o coração destroçado e a confiança em ruínas. Agora, em um ambiente de trabalho hostil, Jordani enfrenta Lucas, seu chefe. O homem que sempre a desprezou, que nunca escondeu seu desdém e nem tentou disfarçar a frieza com a qual a tratava. Para ele, ela era apenas uma peça qualquer em sua empresa, sem importância e sem valor. Mas o destino tem um plano inesperado: um incidente coloca os dois em uma situação de vida ou morte, forçando-os a se unir de uma forma que nenhum dos dois jamais imaginou. Com as máscaras caindo e a necessidade de confiança mútua emergindo do caos, Lucas começa a ver Jordani com outros olhos. A mulher que ele ignorava começa a se revelar uma força imparável, alguém capaz de lidar com tudo, até com a dor de um passado doloroso. E, pela primeira vez, Lucas começa a questionar tudo o que pensava sobre ela ,e sobre si mesmo. Jordani, por sua vez, luta contra os próprios sentimentos. A traição de Paulo César ainda a persegue, mas agora ela precisa decidir se consegue confiar em Lucas, o homem que sempre a desprezou, mas que agora parece ser o único capaz de curar suas feridas. O que ela não sabe é que, às vezes, o verdadeiro amor não vem de onde se espera , e o segundo amor pode ser aquele que, de fato, transforma a vida de uma vez por todas. Será possível ?
Ler maisJordani não sabia o que fazia mais: o impacto da verdade ou a constatação de que ela nunca tinha visto a mentira se aproximando. Sentada no banco do café da empresa tomando seu expresso com pouco açúcar, ela olhou para o celular, onde uma mensagem de Paulo César seu namorado piscava na tela. A dor nas palavras dele era quase tangível, mas o que mais a cortava era o simples fato de saber que ele nunca sentiu a dor que ela estava sentindo agora. Ela o amava, e ele havia feito o impensável. Não havia volta.
*MENSAGEM DE PAULO*
“Jordani, eu sinto muito, mas não posso mais continuar com você. Eu… eu encontrei alguém melhor, me apaixonei pela Carla minha assistente. Desculpe.”
Era tudo o que ela precisava ler para que o chão debaixo de seus pés se desintegrasse. A sensação de abandono a sufocava, o café que tinha um pouco de açúcar se tornou amargo em sua boca enquanto as lágrimas, antes reprimidas, começavam a escorrer silenciosamente pelo seu rosto. A dor de ser trocada por outra não tinha palavras para descrever. Ela, que passou todos esses anos acreditando nessas promessas, no “para sempre”, " eu te amo", "vamos casar e ser felizes", agora se via sem chão.
Com as mãos trêmulas, ela desligou o celular e olhou em volta, como se as paredes do café pudessem absorver de alguma forma. Tudo parecia desmoronar ao seu redor, e o barulho abafado da cidade lá fora não fazia sentido algum. Era como se nada mais importasse, nem mesmo o mundo lá fora.
-Jordânia!- A voz cortante de Lucas, seu chefe, ecoou pela pequena sala pronunciando seu nome errado como sempre. Ela é transparente a cabeça, ainda com o rosto manchado pelas lágrimas, tentando esconder o que sentiu.
Lucas, com sua postura imponente, estava de pé ao lado da mesa. Ele a observava com aquele olhar frio, como sempre. A expressão dele nunca mudou, e isso só a fazia se sentir mais frágil, mais insignificante. Ele a detestava. Tinha certeza disso.
- Você está bem? - Ele disse, e seu tom foi mais de desdém do que de preocupação. Ele nunca se importou com ela. Para ele, ela não passa de mais uma funcionária no meio de um mar de nomes e números.
Jordani respirou fundo, tentando controlar o nó na garganta. -Sim, estou. Só… só preciso de um momento para terminar meu café ! - Ela diz com um tom frio e indiferente mostrando sua xícara ainda cheia de café.
Lucas não se incomoda, mas antes que pudesse dizer algo, ele se apresentou, aparentemente sem paciência para continuar com a conversa. - Você tem um relatório para terminar até o final do dia. Não quero mais desculpas, entendeu ? - Ele procura pelo olhar de Jordani e a desafia com seus olhos castanhos brilhantes com um céu estrelado.
Ela apenas acenou, forçando um sorriso que mais parecia uma careta. Ele não sabia da dor que ela carregava. Ninguém sabia. Ele, que a tratava com desprezo, com uma frieza que cortava mais fundo do que qualquer palavra, nunca imaginava o que se passava dentro dela agora. Se ele souber, talvez nem se importe.
Jordani fechou os olhos por um segundo, tentando se recompor. O que faria agora? Como se reergue quando o próprio coração parecia em pedaços?
Casa segura – 5h17 da manhãJordani acordou com um calafrio. O som distante de um pássaro noturno se perdia entre as folhas lá fora. Ao lado, Lucas dormia profundamente, exausto da noite anterior.Ela se levantou devagar, pegou o celular escondido entre as roupas e viu a notificação: uma mensagem criptografada, vinda de um número desconhecido.“Rua das Sibipirunas, número 42. Sozinha. 6h.”Ela soube imediatamente quem era.Vestiu-se em silêncio, encostou a porta com cuidado e desapareceu pela lateral da casa, os passos leves, quase invisíveis.Rua das Sibipirunas – 6h01A casa parecia abandonada — portão de madeira com uma tranca frouxa, tinta descascando das paredes. Mas Jordani sabia que não estava sozinha.Entrou.Kira estava ali, encostada no batente da porta dos fundos, de braços cruzados, o cabelo preso com precisão, olhar firme.— Pensei que não viesse. — Kira disse.— Pens
Casa segura – 18h47O sol começava a sumir no horizonte quando Jordani entrou pela porta dos fundos, ofegante, ainda com a roupa suja da fuga. Kira estava por perto, discretamente à espreita, mas manteve distância. Tinha feito o que precisava: levar Jordani até quem poderia protegê-la — a mãe de Lucas — e agora era hora de desaparecer de novo.Lucas veio correndo da sala assim que ouviu o barulho da porta.— Você tá bem? — ele perguntou, a voz carregada de urgência.Jordani assentiu, mas seus olhos diziam outra coisa. Ela estava esgotada, suja, com os cabelos presos às têmporas de suor e o olhar distante. Ainda via o vulto do invasor na memória. Ainda ouvia o estampido do tiro que quase a atingira.— Eu… consegui fugir. — ela sussurrou.Ele a abraçou com força. Não fez perguntas — não ainda. Só a segurou, como se ela pudesse desaparecer de novo.Mas no canto da sala, alguém observava. Um dos aliados. Um dos que sabiam de
Casa segura – 12h19Jordani se afastou da janela lentamente. O coração batia como o som de um tambor apressado dentro do peito.Do lado de fora, passos. Rasteiros. Precisos.Ela pegou o celular novamente, mas continuava sem sinal. Correu para a cozinha, abriu a gaveta — uma única faca de cozinha. Era pouco. Mas era o que tinha.O barulho do portão sendo forçado ecoou pela casa.Ela respirou fundo, encostada na parede.Do outro lado da porta, um sussurro:— “Paciente A. Confirme o estado gestacional. Iniciar protocolo de extração.”Ela congelou.Eles estavam ali por ela.Por ele.Pelo bebê.Subsolo do laboratório – 12h21— Jin… você disse que esse projeto foi cancelado, certo? — Lucas perguntou, andando até o fundo do corredor de concreto velho.— Oficialmente, sim. Mas a verdade é que ele só foi… rebatizado. Quando o nome de um projeto muda, os rastros quase
A noite mal havia começado quando Jin Ho decidiu se infiltrar na rede da Yamazaki BioSystems. O computador portátil dele emitia uma luz azulada no canto escuro da sala, o único som era o teclar rápido dos dedos e os estalos leves da madeira antiga da casa segura.Lucas observava, braços cruzados, inquieto. Bruno estava do lado, lendo de novo a ficha do irmão da Jordani, como se pudesse encontrar uma nova pista nas entrelinhas já gastas.— Isso aqui não bate — Bruno murmurou. — A ficha do Ismael termina em 2013. Mas encontrei uma nota interna de 2016 mencionando um “Paciente X” com o mesmo padrão genético.Lucas se virou na hora.— Você acha que ele pode estar vivo?Bruno deu de ombros, mas o olhar era sério.— Ou… mantido. Em algum lugar.Antes que pudessem falar mais, Jin Ho bufou.— Conseguiram apagar quase tudo, mas deixaram rastros. E… — ele parou, ampliando uma das janelas na tela — olha isso.A imagem era granulada, provavelmente de uma câmera de segurança antiga. Mas mostrava u
A clínica era pequena, discreta, no alto de uma rua tranquila. Nada que chamasse atenção. Era exatamente o que precisavam.Lucas estacionou o carro sem dizer nada. Ainda sentia o peso da noite anterior nos ombros — o tiroteio, as revelações, a foto. Mas quando olhou para Jordani, com a mão sobre o ventre ainda discreto, ele soube: precisava estar ali, inteiro.Entraram de mãos dadas.A recepcionista sorriu, sem saber quem eles eram ou tudo o que carregavam.— Doutora Camila vai atendê-los já, fiquem à vontade.A sala de espera era silenciosa. Um casal olhava uma revista velha. Uma mulher mexia no celular. Tudo parecia comum… mas o coração de Jordani batia acelerado. E não era só por causa dos traumas.Era real agora. Tão real que doía.— Você ainda tá com medo? — Lucas perguntou, a voz baixa, os olhos nela.Ela hesitou, depois assentiu com a cabeça.— Muito. E se esse bebê… for como eu? E se ele fo
Campos do Jordão os recebeu com uma neblina densa e constante, como se a própria cidade não quisesse revelar o que guardava. A estrada serpenteava por entre pinheiros altos, o silêncio cortado apenas pelo som do motor do carro e o bater ritmado da chuva fina no para-brisa.Lucas mantinha as mãos firmes no volante. Jordani, ao lado, consultava as anotações de Bruno. O nome era antigo, quase esquecido: Dr. Masato Ishikawa. Bioengenheiro-chefe. Desaparecido há mais de dez anos.— Segundo o Bruno, o endereço não aparece mais no GPS comum. Só foi achado por rastreamento de uma conta de luz antiga em nome falso. — disse ela, sem tirar os olhos do papel. — A casa foi construída como “retiro de pesquisa”. Tem gerador próprio, sistema de segurança e zero sinal de internet.— Ótimo — murmurou Lucas. — Só falta ter uma placa na entrada escrito “ENTREM E MORRAM”.Jordani riu baixo, mas o nervosismo estava ali, no canto da boca, nos olhos que varriam a pa
Último capítulo