Em um mundo onde pactos ancestrais mantêm a paz entre linhagens místicas, Jasmine sempre acreditou que era apenas uma loba comum, protegida pela união entre sua mãe e um dos Alfas mais respeitados da alcatéia. Mas ao completar dezesseis anos, visões perturbadoras começam a atormentá-la, revelando presságios antigos, círculos de magia corrompida e uma profecia esquecida — que a coloca no centro de um conflito prestes a recomeçar. Dividida entre dois irmãos que sempre estiveram ao seu lado — Namael, o guardião silencioso de olhos verdes, e Naveen, o rebelde de olhar tempestuoso — Jasmine precisará enfrentar não só as ameaças que surgem das sombras, mas também os próprios sentimentos, que crescem com uma força tão avassaladora quanto o vínculo que os une. A guerra adormecida está despertando. E a escolha de Jasmine pode selar o destino de todos.
Ler maisA campainha soou, e o som familiar preencheu os corredores da escola. Os estudantes começaram a se mover, como se um exército silencioso estivesse se preparando para o próximo combate: a próxima aula. Jasmine, sentada no canto da sala, com os cabelos loiros puxados para trás em um coque simples, focava nas anotações. Ela era a aluna modelo, sempre calma e reservada, uma das melhores da turma, mas o que a maioria não sabia era o que acontecia quando a escola terminava.
Ao seu lado, Olivia, sua única amiga, mexia nos livros de história com um olhar distraído. Olivia tinha os cabelos castanhos curtos e sempre parecia estar um passo atrás no ritmo da vida de Jasmine, mas a lealdade dela era inabalável. Naquele momento, as duas estavam imersas em um silêncio confortável, mas havia uma tensão não dita entre elas. Olivia sabia que Jasmine sempre se afastava das multidões, mas havia algo mais que ela não conseguia identificar.
— Você vai para a competição hoje? — Olivia perguntou, sem tirar os olhos do livro. Ela sabia, sem realmente precisar perguntar, o que Jasmine faria. Mas era sua forma de tentar manter a conversa.
Jasmine olhou para Olivia, um sorriso pequeno se formando nos lábios.
— Vou. — A resposta foi simples e direta. Ela sabia que Olivia não entendia muito bem seu gosto pelas corridas, mas era algo que a fazia sentir-se viva, um pedaço de si mesma que ela guardava longe dos olhos de todos, especialmente dos seus irmãos. Namael, com sua natureza protetora, ficaria provavelmente irritado se soubesse, e Naveen provavelmente veria como mais uma competição entre eles.
Olivia olhou para ela, uma expressão hesitante no rosto.
— Você não tem medo? — Ela perguntou, com um tom de preocupação.
Jasmine levantou os ombros, indiferente.
— O medo é só um obstáculo, Olivia. Eu o encaro. — Ela deu um sorriso enigmático. Olivia apenas balançou a cabeça, aceitando a resposta sem fazer mais perguntas.
Do outro lado da sala, Namael estava cercado por seu grupo de amigos, a maioria nerds e estudiosos como ele, conversando sobre os últimos avanços em tecnologia e magia, sua paixão. Namael, com seus cabelos castanhos escuros, sempre um pouco bagunçados, parecia imerso nas discussões, sua postura relaxada, mas com uma intensidade de concentração que revelava sua mente afiada. Mesmo que sua essência fosse de um protetor, ele não se importava com quem o rodeava, desde que estivesse ao lado de Jasmine, ou de sua irmã, Amber.
Ele olhou para o lado por um momento e viu Jasmine e Olivia conversando, mas rapidamente se afastou dos outros, não querendo que vissem seu olhar preocupado. Sabia que ela estava com a intenção de se afastar, e isso o incomodava mais do que ele queria admitir. Namael sempre tinha a sensação de que, de alguma forma, estava perdendo a proximidade com ela. Talvez fosse o fato de ele ser um híbrido, metade lobo, metade feiticeiro, o que o colocava em um lugar entre os outros, mas isso nunca havia sido um problema. Até agora.
Do outro lado da escola, Naveen estava com seu próprio grupo. Ele estava rodeado por meninas populares, sempre o centro das atenções, com seu sorriso encantador e olhar que derretia corações. Ele era o oposto de Namael de muitas formas. Enquanto Namael estava cercado por intelectuais, Naveen se rodeava de pessoas que adoravam sua atitude desafiadora. Não era surpresa para ninguém que ele fosse admirado pelas garotas, e ele sabia disso muito bem.
— Você viu o que aconteceu no último treino? — Uma das garotas comentou, com os olhos fixos nele. Naveen não respondeu de imediato, mas o brilho travesso nos seus olhos indicava que ele estava longe de ser desinteressado.
— Claro que vi. Eu sempre estou à frente. — Naveen respondeu com a confiança que o caracterizava. Ele olhou por um momento em direção ao corredor onde Jasmine estava, sentindo uma onda de calor em seu peito. Era um olhar rápido, mas ele sempre a observava de longe. Ela era sua irmã de criação, mas ao mesmo tempo, ele sentia uma mistura de emoções conflitantes, que ele não queria admitir.
Ele virou a cabeça de volta para as garotas, mas seu sorriso se apagou por um segundo, como se algo estivesse em sua mente. Ele sabia o quanto Jasmine podia ser imprevisível. Ela o desafiava, de uma maneira que poucos conseguiam. Ele nunca entenderia completamente a necessidade dela de participar dessas corridas, mas ao mesmo tempo, havia uma parte dele que sabia o quão importante era para ela. Naveen não gostava de admitir, mas ele também se importava com ela, de uma forma que ele ainda não estava pronto para reconhecer.
O sinal tocou, sinalizando o fim da aula. A maioria dos estudantes se levantou, saindo apressados para os próximos compromissos, mas para Jasmine, a tarde só estava começando. Ela estava pronta para se libertar das amarras da rotina e sentir a liberdade da velocidade.
A tensão entre Alec e Lorenzo era quase palpável. Enquanto o círculo de invocação queimado no solo pulsava com resquícios de magia corrompida, os dois Alfas mais poderosos da região permaneciam frente a frente — não em guerra declarada, mas em uma trégua forçada.— Isso não é magia comum — disse Alec, ajoelhando-se ao lado do símbolo, os dedos pairando sobre o chão enegrecido. Seus olhos brilharam em tom púrpura. — Alguém ousou atravessar os véus entre os reinos.— Isso é trabalho de um idiota suicida — rebateu Lorenzo, girando o punho no ar e ativando um selo de proteção ao redor da clareira. — Um idiota com acesso a sangue... ou a algo muito pior.Namael se manteve atento ao lado do pai. Naveen, mais distante, observava tudo com atenção silenciosa. Ele não gostava da tensão entre os homens.Jasmine, porém, parecia alheia à discussão. Algo na marca chamava por ela. Uma vibração... antiga. Estranha.Quando seus dedos pairaram sobre o símbolo, o mundo parou.A visão veio como um relâmp
O silêncio da floresta era denso, quase sufocante. Nenhum canto de coruja, nenhum farfalhar do vento entre os galhos — apenas a tensão crescente entre os três jovens Alfas e o sussurro de uma ameaça oculta nas sombras.— A magia está enfraquecida aqui — murmurou Namael, os olhos fixos na vegetação retorcida à frente. — Algo atravessou a barreira e deixou rastros. Se seguirmos, talvez...— Talvez o quê? — cortou Naveen, a voz mais dura do que pretendia. — Que a gente encontre um lobo corrompido? Ou algum caçador que aprendeu truques novos?— Talvez a gente descubra de onde eles estão vindo antes que cheguem mais — rebateu Namael, frio e contido.— Os dois têm razão — interveio Jasmine, decidida. — Mas não podemos lidar com isso sozinhos.Ela se virou para os dois, o olhar firme.— Vamos chamar nossos pais. Agora.O silêncio caiu como uma pedra. Namael e Naveen trocaram um olhar carregado — não de ódio, mas de tudo o que nunca disseram um ao outro.— Ótimo — resmungou Naveen. — Vamos in
O uivo de Jasmine ecoava pela floresta como um feitiço ancestral. Por alguns segundos, tudo pareceu em equilíbrio: os três lobos sob a luz da lua, o vento correndo entre as árvores, o mundo em silêncio. Mas como toda harmonia frágil, aquele momento não duraria para sempre.A loba branca foi a primeira a desacelerar, sua respiração controlada, o olhar atento à linha das árvores. Ela caminhou até o centro da clareira, onde a relva era mais baixa, e ali, com um suspiro quase humano, deu início à transformação de volta. Sua forma humana se recompôs com naturalidade — um dom herdado de gerações de Alfas bem treinados. Logo, Jasmine estava de pé, cabelos loiros desgrenhados pelo vento, os pés descalços tocando o chão frio.Namael veio logo em seguida. Seu lobo recuou com um último olhar protetor em volta, e então, com a mesma disciplina silenciosa, ele retornou à forma humana. Sua expressão era calma, mas os olhos prateados estavam atentos, como se soubessem que algo havia mudado no ar. Com
A pizza estava quentinha e o aroma de queijo derretido com ervas tomava conta da cozinha. A casa de Marina, rodeada pela floresta e afastada do centro, era o tipo de lar que carregava calor humano e uma energia calma, mesmo quando abrigava três jovens Alfas com instintos em constante ebulição.Jasmine estava sentada entre Namael e Naveen, cortando mais uma fatia da pizza preferida deles — peperoni com borda de catupiry. O riso leve de Marina ecoava enquanto ela secava as mãos no pano de prato e se encostava no balcão, observando os três com carinho.— Fazia tempo que vocês não apareciam juntos por aqui — comentou ela, com o olhar demorando um pouco mais em Naveen, que ela considerava como um filho. — É bom ver vocês assim.Jasmine sorriu e respondeu, tentando manter o tom despreocupado:— A gente andou ocupado com os treinos, e... escola. — Não era exatamente uma mentira, mas também não era toda a verdade. Ela desviou o olhar rapidamente, o suficiente para que Marina não percebesse.N
A última curva foi tomada com maestria. Jasmine sentiu o motor de sua moto roncar como uma extensão de sua própria vontade. Seus dedos firmes no guidão, o vento batendo no seu rosto, a adrenalina correndo por suas veias — ela era pura energia, a estrada e a moto, tudo em sintonia com sua natureza indomável. Ela cruzou a linha de chegada com a facilidade de quem já havia dominado aquele circuito muitas vezes antes. O rugido da multidão a envolveu como uma onda, mas para ela, era apenas o som do triunfo.Ela desmontou da moto, respirando fundo, o coração ainda acelerado. Quando olhou para trás, viu Namael com um sorriso discreto no rosto, seus olhos atentos a cada movimento dela. Era o olhar de quem sabia o que a motivava, o olhar de quem nunca a deixaria seguir sozinha em algo tão arriscado, mas que também respeitava sua liberdade.Naveen, que estava ao longe, observou a cena com um misto de admiração e algo que ele não queria nomear. Ele não esperava que Jasmine fosse tão rápida, tão
O vento estava mais frio quando Jasmine e Namael saíram da escola, a última aula já havia terminado e, como sempre, ela tinha algo mais reservado para si. Namael seguiu atrás dela, a expressão no rosto ainda fechada, como sempre quando se tratava das decisões dela. Ele sabia que a correria era o seu modo de desafiar o mundo, mas não conseguia entender completamente sua necessidade de se esconder nesse tipo de adrenalina. Jasmine, com seu espírito livre e, muitas vezes, impulsivo, era uma incógnita para ele, e, no fundo, ele se perguntava se isso não tinha a ver com o fato de ela ser diferente de todos.— Jasmine, você sabe que não gosto disso. — Namael falou, a voz carregada com uma preocupação difícil de disfarçar.Ela não olhou para ele imediatamente, concentrada nas ruas, como se estivesse se preparando mentalmente para o que estava por vir. Quando finalmente olhou, um sorriso suave se formou em seus lábios.— Namael, relaxa. — Ela disse, tentando tranquilizá-lo, embora soubesse qu
Último capítulo