Viviane se divertiu com a suposição de Helena.
- Você tem lido romances demais, minha amiga. Ele é apenas alguém que eu conheci casualmente, sem qualquer ligação com a família Barros. A única conexão é que ele trabalha no Grupo Barros.
- Ah. - Helena ficou visivelmente desapontada. - Então, ele é subordinado de Gustavo. Isso não facilita para Gustavo te incomodar no futuro?
Os olhos de Viviane escureceram um pouco:
- Acredito que não. Gustavo deve me deixar em paz agora, principalmente por causa de David e o fato de eu já estar casada.
Helena se sentiu um pouco aliviada, mas ainda assim estava indignada com Gustavo:
- Eu diria que você deveria ter dado um soco nele. Ele não sabe o quanto você queria se casar com ele...
Viviane a interrompeu suavemente:
- Isso é passado, Helena. Daqui para frente, Gustavo e eu seguiremos nossos próprios caminhos, sem interferência um no outro.
- E o noivado? David já sabe disso? Se ele descobrir, ficará devastado.
O semblante de Viviane se fechou novamente.
Falando de David, o avô de Gustavo, só o que restava no coração de Viviane era remorso. O noivado com Gustavo foi arranjado por David pessoalmente. Depois que a família Ribeiro caiu em desgraça, todos esperavam que David cancelasse o noivado para zombar dela. No entanto, David não apenas manteve o noivado, mas também afirmou publicamente diversas vezes que a única nora que ele reconhecia era ela.
Por causa disso, muitos conflitos surgiram entre avô e neto. Agora, com tudo o que aconteceu, Viviane sentia que a única pessoa a quem havia decepcionado era David.
- Eu vou falar com meu avô esta noite. - Disse Viviane.
Melhor que ele saiba por ela mesma do que por outrem.
Helena ainda estava preocupada:
- Quer que eu vá com você?
- Não é necessário. - Viviane deu um sorriso fraco. - Meu avô me adora, ele não fará nada contra mim.
...
Hotel Bay.
Dentro da opulenta sala de jantar, David, que representava o poder máximo da família Barros, sentava-se no lugar de honra, olhando com satisfação para Ricardo, que estava à sua frente, e exclamou:
- Você realmente justifica o treinamento dado por meu irmão mais velho. Você tem dez anos a menos que Manuel Barros, mas sua sagacidade é incomparável.
Sentado abaixo de David estava Manuel, o pai de Gustavo a quem ele se referia.
Ele tinha uma barriga avantajada, mas suas feições ainda permitiam enxergar resquícios de sua juventude atraente.
- Meu pai estava certo. - Manuel, com olhos que mal podiam esconder sua admiração por Ricardo, concordou. - Ricardo, deixar seu trabalho no exterior para voltar ao país imediatamente é algo que poucos poderiam fazer!
Ricardo, impassível, limpou elegantemente os cantos de sua boca.
- Agradeço os elogios, tio e irmão. O crescimento da economia do Brasil país TZ tem sido muito forte nos últimos anos. Voltei porque vi oportunidades de negócios.
David fez um aceno leve com a cabeça, e então disse com um ar de pesar:
- É uma pena que seu pai não tenha voltado com você. Caso contrário, nós irmãos poderíamos finalmente nos reunir.
Ricardo fechou levemente seus olhos profundos, seu tom era neutro:
- Felizmente, ele não voltou, senão o tio não nos veria mais.
David franziu a testa:
- O que você quer dizer?
- Tivemos um acidente de carro no aeroporto.
- O quê? - David perguntou, nervoso. - Você ficou ferido?
- Não.
- Isso é bom. - David relaxou ligeiramente, voltando a perguntar com preocupação. - O que exatamente aconteceu?
- Dois carros colidiram e os motoristas de ambos os veículos morreram.
- Então não podemos dizer se foi um acidente ou algo intencional?
David, um homem astuto, pegou imediatamente o ponto.
Ricardo o observava cuidadosamente, assegurando-se de que ele realmente não sabia, e então disse:
- Exatamente, então preciso da ajuda do tio.
- Falar em ajuda é um exagero. - David respondeu. - Eu e seu pai somos irmãos, mesmo que você não tivesse pedido, eu teria investigado.
- Obrigado, tio, mas não é necessário. - Ricardo recusou cortesmente, mantendo certa distância. - Vou cuidar disso pessoalmente. Poucas pessoas sabem do meu retorno, então, acredito que teremos uma conclusão em breve. Só espero que o tio possa manter em segredo que eu já voltei.
David abaixou a voz:
- Você suspeita que uma das grandes famílias está envolvida?
Ricardo havia compartilhado sobre seu retorno apenas com as outras três grandes famílias.
Sem responder à pergunta de David, Ricardo, com dedos finos tocando levemente a mesa, insistiu:
- Tio, eu realmente espero que você possa me ajudar.
David hesitou por um momento e então, levantando uma sobrancelha, dissipou a tensão no ambiente com um sorriso:
- Claro que sim. Não tem problema.
Terminando sua frase, ele olhou para Manuel ao seu lado e mudou de assunto:
- E o Gustavo? Por que ainda não chegou?
Manuel respondeu:
- Deve ter sido algum contratempo com o trabalho. Caso contrário, Gustavo já teria chegado. Ele não parava de falar em ver o Ricardo.
- É verdade. - Disse David, sorrindo. - Desde que vocês se encontraram algumas vezes no exterior, Gustavo o idolatra. Eu o vi crescer, e nunca o vi admirar alguém assim.
Um sorriso brilhava nos olhos de Ricardo, mas seus pensamentos voavam para Viviane.
"Gustavo? O noivo daquela mulher também se chama Gustavo? Não pode ser coincidência..."
- Ricardo.
De repente, Manuel acenou para ele. Ricardo disfarçou e direcionou seu olhar para Manuel.
Manuel provocou:
- No que está pensando? Parece tão concentrado.
O rosto de Ricardo ficou sério.
Se perder em pensamentos era seu maior erro, especialmente por causa daquela mulher...
- Meu pai perguntou se você já se casou?
Ricardo recuperou sua compostura:
- Sim.
David se interessou de imediato:
- Quando isso aconteceu? Antes de voltar, seu pai me ligou e pediu para encontrar alguém para você. Como você se casou tão rapidamente?
Como era de se esperar, Ricardo tinha uma resposta na ponta da língua:
- Nos conhecemos há alguns dias, foi amor à primeira vista, então nos casamos. Foi tão rápido que não avisamos ninguém.
- Que pena. - David tirou uma foto do bolso. - Já tínhamos até encontrado uma pessoa para você. Quem dera o Gustavo fosse tão decisivo quanto você, isso me pouparia muita preocupação.
Pensando no casamento entre Gustavo e Viviane, o velho suspirou silenciosamente.
Ele realmente não entendia por que Gustavo não valorizava a sensata e culta Viviane.
- Senhor. - O mordomo entrou batendo na porta, aproximou-se de David com um celular e falou em um tom que só ele podia ouvir. - Uma ligação da Srta. Viviane.
Ouvindo que era Viviane, o velho imediatamente se iluminou, pegou o telefone e falou com carinho:
- Viviane, o que a levou a ligar para o seu avô? Alguma coisa que você quer me contar?... Claro, venha aqui, estou no Hotel Bay... Sim, certo, vou mandar alguém buscá-la.