VOLUME 2 ILHA DO CORVO 50 ANOS ANTES DOS EVENTOS DA ESCOLHIDA DO ALFA. Quando Alice é salva por James Turner de um possível abuso na floresta, ela descobre que seu amigo de infância, o herdeiro do alfa do Norte está de volta. Mesmo todos aqueles anos longe, Alice nunca o esqueceu e quando James assume uma punição terrível em seu lugar, ela se pergunta se ele também não a esqueceu. Tudo muda quando Alice descobre segredos sombrios de sua origem, e no meio da noite é sequestrada. James Turner largaria tudo para encontrá-la, desafiando até mesmo o Alfa, mas será que ela voltará com ele? Ou é tarde demais?
Ler maisNorte, Armeni.
Cinquenta anos antes da escolhida do Alfa. Ela não podia acreditar em seus ouvidos. O herdeiro do alfa estava retornando para casa, após anos de treinamento na capital, com o Supremo Alfa. — Eu sei o que esse olhar significa, e é melhor não ir procurá-lo. Ele não é mais o garotinho que você brincava quando era mais nova, ele está retornando como o herdeiro de Armeni, depois de anos de treinamento com a alcateia do supremo — disse Jenny, sua melhor amiga. Alice sentiu seu coração se comprimir no peito. Lembrou-se da sensação aterradora que sentiu quando o viu partir... — Eu preciso ir, vá para os jogos dos lobos Jenny! Ela mal ouviu a resposta da outra, sabia qual estrada James Turner pegaria para retornar. E se ele já havia sido visto nas aldeias próximas, estava muito perto da estrada que levava até o castelo Turner, pensou ela. Alice pegou uma cesta como se fosse recolher ervas e correu em direção às portas do castelo. A fêmea sentia seu coração batendo enlouquecido, e pensou se ele a reconheceria. Ela segurou forte a cesta contra seu coração, enquanto sua respiração se intensificou, ela pegou o caminho da estrada e uma fina chuva se iniciou. Ela acelerou o passo, e antes que pudesse reagir sentiu mãos a segurarem por trás. Ela foi puxada com força e suas costas bateram de encontro ao peito sólido, e no mesmo instante ela reconheceu a voz de seu agressor: — Veja a pequena nask procurando o Oriedreh pela estrada...Ainda o segue como uma criada. Suas palavras eram venenosas, e ele falou isso em seu pescoço enquanto a segurava com força. Alice se contorceu nas mãos dele, que segurava seus braços. A cesta já estava caída no chão e a chuva aumentou. — Me solte Vlad! — esbravejou ela. Vlad Villin era de um clã importante de lobos, e como a maioria dos lobos a desprezava, porque era pobre e sem nome. Ela começou a se debater contra ele, e de repente ele a virou e a jogou contra o chão lamacento. O macho segurou em seus pulsos ao lado de sua cabeça e montou em cima dela. Ela continuou se debatendo contra ele, tentando em vão lutar contra ele. Vlad era corpulento, alto e com olhos castanhos maldosos. E uma de suas atividades favoritas era humilhá-la. Atormentá-la. E havia feito isso todos aqueles anos que James partira. A chuva dificultava sua visão, ela sentia a lama embaixo dela, estava completamente molhada. Mas nada disso chegava perto do asco de sentir o corpo de Vlad tão próximo do seu... Ele não era asqueroso fisicamente, muitas lobas o desejavam. Mas por dentro? Era deficiente de tudo. — Me responda! Veio tentar encontrá-lo, não foi? Vlad gritava por cima da chuva. Antes que pudesse responder, o barulho de cascos na direção deles o interromperam. Vlad de imediato a levantou do chão, e a acertou um tapa forte o suficiente para deixá-la confusa. Ele em seguida a puxou para mais perto, e a segurou junto ao seu peito. Por alguns segundos ela ficou tonta e acabou se apoiando no canalha. O cavaleiro se aproximou, e Vlad deve ter pensado que agir normalmente o fizesse continuar seu caminho. E talvez tivesse funcionado, se Alice não tivesse erguido seu olhar violeta para o macho montado no garanhão. Seus olhares naquele segundo se encontraram, e o lobo puxou as rédeas do cavalo parando no mesmo instante. Ela o reconheceu pelos olhos, verdes-brilhantes exatamente como no passado, contudo todo o resto havia mudado. Seus cabelos castanhos estavam maiores do que ela se recordava, seus ombros mais largos e compactos, seus braços poderosos, as mãos segurando as rédeas eram resistentes, assim como o rosto que a encarava sentado no cavalo. Seu rosto era majestoso, os olhos cerrados, verdes reluzentes, o queixo firme, as maçãs do rosto perfeitamente simétricas, a curva do nariz que lhe dava um ar frio e, no entanto, ela sabia que ele não era. Ao menos não na infância. James Turner estava de volta. Ele também devia ter visto algo de familiar em seu rosto, porque sua expressão era de choque quando perguntou: — Nask é você? Ele estava a chamando de órfã? Sério? Ela sentiu vontade de se afundar na terra molhada com a chuva, ao seu lado Vlad não segurou o riso. E a puxou mais para si, de modo possessivo. Aquilo despertou algo no olhar de James, eles queimaram. — Solte-a. — ordenou ele. Quando Vlad não obedeceu, ele desceu do cavalo. Sua espada estava em sua cintura, e ele levou a mão até a bainha enquanto encarava Vlad. Ela ficou surpresa quando o macho recuou, a soltando. — O pequeno James retornou a Armeni! Será que aprendeu algo? James apenas o encarou. Quando Alice tentou se afastar dele, ainda em choque com aquilo tudo, Vlad a puxou e colocou uma faca em sua garganta. James avançou, mas Vlad foi rápido em dizer: — Fique onde está! James olhou em seus olhos, e ela assentiu para ele. Vlad estava brincando com ele, não iria matá-la. Mas ela sabia que ele queria algo. Quando ela tentou dizer isso a James, o macho apertou mais a lâmina em sua garganta e sussurrou contra sua orelha: — Quieta. O rosto de James Turner estava contorcido de ódio, e ele segurava agora o cabo da espada tão forte que ela podia ver seus dedos brancos. Ela só podia ficar quieta, talvez Vlad estivesse realmente disposto a cortá-la, sua vida era competir com outros. — Eu solto, e você vai participar dos jogos que vão acontecer daqui a pouco. James trincou os dentes, e assentiu: — Me dê sua palavra, lobinho. Vlad sorriu, ao ver como James estava furioso. — Se o que deseja é perder para mim nos jogos dos lobos, assim o farei. Vlad soltou Alice, e a empurrou para ele. Quando James a segurou em seus braços, a chuva já começava a diminuir. Vlad mergulhou na floresta densa ao lado, sumindo de vista. James a segurou, e lentamente a olhou nos olhos: — Você está bem, Nask? Ela ergueu o olhar para aquele rosto mais velho, e aqueles olhos verdes que ela sentia tanta falta. Novamente ele a estava chamando de órfã, e por mais que ela soubesse que ele aceitaria o desafio de Vlad apenas para protegê-la, não conseguiu não se ofender com a insistência dele em lembrá-la seu lugar em Armeni. Era uma órfã, sem clã e criada por Katherine Turner, esposa do Alfa Turner. Era apenas uma criada que possuía o carinho da senhora de Armeni. Quando essa verdade a atingiu, ela não conseguiu conter suas ações em seguida. — Muito bem, oriedreh. ***** Dizendo aquelas palavras ela passou por ele de volta à estrada sem sequer olhar para trás. James a observou caminhar e logo tratou de seguir na mesma direção, o vento mudou de direção e a chuva voltou a cair com força. Mesmo com isso, um aroma adocicado invadiu seu nariz e ele percebeu que vinha dela. Se sentiu inebriado com aquilo. E ao mesmo tempo confuso. Ela estava tão crescida... Ele continuou seu caminho seguindo-a de perto. Quando finalmente chegaram a Logvin a fêmea caminhou rapidamente para se misturar com as pessoas que aguardavam ansiosas para o início da corrida. James olhou para a primeira atividade, e viu os machos alinhados um ao lado do outro. Seu olhar cruzou com os de Vlad, e ele cerrou os punhos. Sentindo seu sangue queimar em suas veias, suas pernas se moveram por conta própria e nem mesmo se inscreveu, apenas assumiu uma posição ao lado daqueles lobos. Eles deram o sinal para a corrida e James disparou, na metade do caminho começou a ser ultrapassado, James sabia que se não vencesse aquela corrida seria mais uma decepção para o pai. Ele olhou para os garotos ao redor que passavam à sua frente, seu pai e sua mãe o observavam de seus lugares, ele era filho do Alfa Turner e tinha que se mostrar digno. Ele se esforçou mais e conseguiu chegar lado a lado com Vlad Villin, nenhum deles ainda havia se transformado em lobo, porém a maldição da Licantropia era muito mais do que se transformar na Lua cheia, eles eram mais fortes e rápidos que qualquer adulto humano. Quando quase ultrapassou Vlad na corrida a multidão começou a gritar seu nome, mas sua vantagem durou apenas alguns segundos, logo Vlad voltou a se emparelhar com ele. — Acredita que pode me vencer, pequeno Oriedreh? — gritou contra o vento, o macho desprezível. Um trovão retumbou no céu. James decidiu ignorar a tentativa de Vlad de distraí-lo da corrida, logo veio uma curva difícil com toda a lama que começava a se formar, o macho tentou derrubá-lo nesse momento, mas James já estava por isso devido ao seu convívio com John Chase todos aqueles anos no castelo do Alfa Supremo, John sempre tentava trapacear em seus treinos. Com isso em mente, ele o empurrou de volta, ele quase perdeu o equilíbrio, mas logo retomou sua posição ao lado de James, seria mais difícil do que imaginou, mas não desistiria. Quando chegaram quase no fim do percurso onde já era possível ver a linha de chegada, James viu com sua visão elevada a Nask em pé no meio daquelas pessoas, seus olhos raros a destacavam. Infelizmente Vlad olhava na mesma direção que ele e se aproveitou daquilo. — Estarei dentro dela essa noite para comemorar minha vitória, você pode ir depois de mim pequeno James! James se sentiu cego, de repente uma onda passou por todo o seu corpo, e ele foi consumido por um sentimento primitivo, e enlouquecedor. Ele se voltou para Vlad, sentindo cada gota do seu sangue ferver. — O que você disse? — rosnou para o lobo, e avançou contra ele. Nask: *ÓRFÃ.A loba observou Lucien correr pelo jardim, suas mãos pequenas tentando pegar todos os insetos ao redor. Alice sorriu ao ver a determinação do menino, lembrando-se de como ele tinha os mesmos olhos verdes cativantes de seu pai, James. Era incrível como as características familiares podiam ser tão marcantes em gerações subsequentes. Enquanto Alice se encantava com as travessuras de Lucien, seus sentidos aguçados perceberam passos se aproximando por trás dela. Ao se virar, viu a majestosa rainha Banshee da ilha do corvo, Helena. Os olhos cinzentos da rainha reluziam na suave luz da manhã, e um sorriso se formou em seus lábios ao observar o menino correndo livremente pelo jardim. —Sinto falta de quando Ayla era desse tamanho...— murmurou a rainha, deixando escapar um leve suspiro. Alice compreendeu o sentimento de Helena instantaneamente. Ayla, sua filha, havia crescido e se tornado uma jovem corajosa e independente. Lembrar-se dos momentos em que Ayla era tão pequena trazia uma mistura
A amargura na voz de Asher reverberou no âmago de Alice, deixando-a aturdida. Com passos incertos, ela tentou avançar pela escuridão, desejando se aproximar dele, mas a falta de visão a envolvia como um véu opaco. Cada passo se tornava um desafio, a incerteza pairando em cada movimento. No entanto, a escuridão implacável parecia crescer, tornando-se uma barreira intransponível. Alice, frustrada e desorientada, parou em seu caminho. Ela podia sentir a presença de Asher próximo, mas sem a visão que lhe era necessária, sentiu-se impotente e desamparada. A voz de Alice ecoou no vazio, repleta de resignação e decepção: — Você se tornou o meu pai, Asher. No instante que me abraçou daquela forma quando nos conhecemos mesmo não compreendendo, eu sabia que havia algo entre nós. Algo profundo e inquebrável. Sua voz pareceu se perder no silêncio da caverna, incapaz de penetrar o véu intransponível que a separava de Asher. As lágrimas se misturaram ao sentimento de impotência, enquanto a
Ao amanhecer, a luz do sol derramava-se através das janelas do quarto majestoso do castelo, iluminando a figura cansada e pensativa de Alice. Ela permanecia ali, vestida em suas roupas de batalha, testemunhando a grandiosidade da paisagem que se estendia além das muralhas. O castelo estava vivo com a agitação daqueles que haviam encontrado refúgio ali. Lobos rebeldes encontravam abrigo, compartilhando refeições e histórias de suas lutas e vitórias. O som de vozes e risos preenchia o ar, criando uma atmosfera de camaradagem e ressurgimento. Enquanto Alice observava aquele cenário de renovação, seu coração estava dividido. A alegria da conquista se misturava com a dor e a saudade que a lembrança de seu tio, Asher, evocava. Seus olhos azuis gelados permaneciam gravados em sua mente, um lembrete constante de sua tristeza e raiva. Ela se permitiu respirar fundo, buscando forças para enfrentar aqueles sentimentos conflitantes. A verdadeira paz finalmente estava se manifestando, mas o pes
Alice fixou seu olhar nos olhos azuis de Asher, seu tio e aliado fiel, e percebeu que suas ações teriam um impacto profundo em todos os lobos ao seu redor. O peso da responsabilidade se assentou sobre seus ombros, enquanto ela buscava uma solução que evitasse mais derramamento de sangue. O clamor pela vingança ressoava em ambos os lados, ecoando em uma cacofonia ensurdecedora. Os lobos leais ao Alfa rosnavam ameaçadoramente, prontos para avançar contra os rebeldes, incitando uma nova onda de violência. A atmosfera eletrizada pendia no ar, prestes a explodir em caos e destruição. Em um instante de pura bravura, James posicionou-se à frente dos lobos do castelo, assumindo a tarefa de conter a fúria que ameaçava consumir a todos. Seu corpo tenso e postura firme eram um escudo humano, uma barreira protetora entre os dois grupos rivais. Seus olhos refletiam uma mistura de determinação e preocupação, enquanto ele usava sua presença para acalmar os ânimos. O momento era crítico, o destino
Enquanto a fêmea gritava aquelas palavras desafiadoras, o ar ao redor dela parecia congelar gradualmente, envolvendo-a em um manto gélido. O vento uivava em uma sinfonia aterradora, ecoando sua determinação. Seu coração batia acelerado no peito, uma resposta visceral ao perigo iminente. A poucos metros atrás, James Turner parecia, compartilhar da mesma tensão, seus olhos fixos nela, refletindo preocupação e coragem. À sua frente, seus fiéis aliados, o tio Asher e Henrique, posicionavam-se em uma barreira sólida. Seus olhares repletos de surpresa, ainda assim, a loba sentia o calor ardente do vínculo que compartilhava com eles, uma chama que jamais se apagaria. Determinada e impulsionada por sua coragem inabalável, a loba deu um passo à frente, ela sentia cada vibração daquele lugar. No momento seguinte, a voz de James cortou o ar, interrompendo o silêncio tenso. Ela girou rapidamente, surpresa, seus olhos encontrando a visão da espada de James voando em sua direção. No momento que
Antes. A atmosfera eletrizante tomava conta do campo de batalha enquanto Asher, com os sentidos aguçados, mergulhava na iminência do confronto. Seu corpo estava tenso e cada fibra de seu ser parecia vibrar em sintonia com a tensão do momento. Ele sabia que ali, naquele instante, se encontrava a encruzilhada que moldaria seu destino e o destino de sua alcateia. Enquanto se aproximava do majestoso castelo do Alfa Turner, a grandiosidade da edificação parecia se mesclar com a magnitude de seu desafio. Asher podia sentir o peso do passado sobre seus ombros, a memória de todos os lobos que haviam sofrido nas mãos cruéis do Alfa Turner. As paredes de pedra pareciam testemunhas silenciosas de décadas de tirania, e Asher estava determinado a ser a voz da mudança. Com sua espada empunhada com firmeza, Asher não apenas via o cabo de metal reluzente em suas mãos, mas sentia a presença de todos aqueles que haviam caído antes dele. Ele pensou em seu pai... Morto de forma covarde pelo clã C
Último capítulo